gordura x musculos

Músculos Para Viver 

Não é de hoje que eu digo que a massa muscular é a melhor maneira de envelhecer bem e também a melhor maneira para você emagrecer (objetivo da grande maioria) e manter uma vida saudável. Todos desde o início da vida deveríamos ser incentivados a fazer de tudo para aumentar nossa massa muscular o máximo que pudermos até a idade de seu ápice no corpo. 

​​O volume da musculatura chega a seu máximo por volta dos 25 anos, quando soma 30% da massa corporal de uma pessoa saudável. Esse pico é maior nos homens do que nas mulheres, já que a testosterona estimula a geração do tecido muscular. 

Depois, a massa muscular começa a diminuir a partir dos 50 anos. Algumas pessoas chegam aos 80 com somente 15%, ou seja, a metade do que tiveram em sua juventude. E aí começam os problemas. Mas a vida da musculatura muda muito com boa alimentação e a prática de exercícios de força, que não se limitam aos pesos. Com peso corporal apenas é possível ter excelentes resultados em ganhos de massa muscular, afinal seus músculos não sabem se você está em casa ou na academia, apenas respondem a estímulos. 

A questão é que a massa muscular é muito mais importante do que as pessoas pensam, ela é vital. 

Mais Músculos para Que?

Massa muscular pobre se relaciona com uma vida mais curta e uma velhice enfermiça. Agora, um estudo a coloca como marcador de saúde à altura da pressão sanguínea e o ritmo cardíaco. 

Imagine aquele velhinho corcunda, de bengalas que tem muita dificuldade de se movimentar, um cenário bem comum. O risco de quedas e muitos outros problemas de saúde poderiam ser evitados somente se tivesse feito alguma atividade para estimular o ganho de força e hipertrofia muscular. 

Mas o problema com a escassez de massa muscular começa muito antes de se chegar à velhice, como alerta foi feita uma análise da morfologia de mais de 13.000 pessoas realizada nos EUA entre 1999 e 2004, publicada na revista American Journal of Clinical Nutrition em 2014. 

De acordo com seus dados, obtidos na Pesquisa para o Exame Nacional de Saúde e Nutrição do país americano (Nhanes, na sigla em inglês), o déficit de massa muscular ocorre em todas as idades. E os estudos o relacionam com uma probabilidade maior de morrer por qualquer causa, assim como com doenças metabólicas e cardiovasculares. Essa é uma das razões pelas quais uma equipe de cientistas coloca agora que a massa muscular pode ser considerada um sinal vital, como a glicose no sangue, a pressão sanguínea e o ritmo do coração. A tese foi publicada nos Annals of Medicine em setembro.

Poucas pessoas sabem, mas com esse quadro se desenvolveu uma doença chamada obesidade sarcopênica, uma situação em que confluem a falta de músculo e o excesso de gordura. O corpo de 10,3% das mulheres e de 15,2% dos homens nos EUA têm esse padrão, de acordo com dados da pesquisa Nhanes de 1999 a 2004.

A obesidade sarcopênica se resume nos falsos magros, ou algo como gordos magros: podem caber em tamanhos de roupas pequenos, mas onde deveria existir firmeza só se encontram dobrinhas e gordurinhas. Esse quadro é o que mais tarde vai gerar uma pessoa adoentada e de difícil tratamento, porque a musculatura tem diversas funções, além de manter sua postura, equilíbrio e movimento, tais como:

  • O músculo é a principal reserva de proteínas do organismo, e é um regulador dos níveis de glicose sanguíneos, porque a consome quando nos movemos
  • Ajuda a regular a temperatura corporal 
  • órgão endócrino que faz a mioquinase, que são mensageiros hormonais que estabelecem comunicação entre o músculo e os diferentes órgãos
  • Participa na resposta inflamatória do organismo.

Trabalhar os Músculos É um Seguro de Vida

Com isso é compreensível que sua falta possa causar muitos problemas de saúde. Por exemplo, 63% dos pacientes que chegam à UTI têm pouca massa muscular, e a porcentagem é ainda maior nos com mais de 65 anos. Se é preciso entrar na sala de cirurgia, os que têm menos músculo sofrem mais complicações pós-operatórias, e suas estadias no hospital se prolongam. Visto com um enfoque positivo, a estatística indica que os pacientes que entram em traumatologia se recuperam antes se o corpo está bem servido de massa muscular.

A obesidade sarcopênica é muito comum naquelas pessoas que tiveram longos históricos de dietas drásticas, onde o efeito rebote (sanfona) acaba com seu plano de emagrecer, essas pessoas normalmente sempre se queixam de que comem pouco para ter o excesso de peso que tem. A questão que elas não entendem é que a musculatura é o tecido que mais queima calorias no nosso corpo, cerca de três quartos de todas que o corpo consome em repouso. isso significa que, quando a massa muscular é pouca, por menos que se coma a demanda energética do organismo já é satisfeita, e pode-se até mesmo armazenar gordura extra.

Com uma musculatura desenvolvida é mais simples emagrecer, pois garante que as calorias sejam queimadas com mais facilidade em vez de se acumular. Além disso, nos casos de obesidade sarcopênica, tonificar é a maneira de burlar um altíssimo risco cardiovascular, melhorar a sensibilidade à insulina (portanto, suavizar a diabetes e até mesmo corrigi-la) e evitar os níveis de colesterol prejudiciais sem a utilização de medicamentos.

Outro erro comum em pessoas que desenvolvem obesidade sarcopênica é dar muita importância para ingestão de proteínas na dieta achando que isso irá aumentar sua massa muscular, porém a proteína só é sintetizada da forma correta se a demanda energética do corpo estiver suprida, portanto é importante, salientar que uma ingestão correta de carboidratos deve ser tão importante quanto. 

Como Fugir Desse Quadro?

Você não precisa se matar na academia, normalmente um treino em casa bem orientado de 2 a 3x por semana focado em força já é sufuciente junto de uma alimentação feita de forma correta. 

Exercícios de agachamentos para pernas, elevações pélvicas para glúteos e flexões, remadas e supinos que podem ser feitos com elásticos e halteres já são uma excelente opção desde que bem prescritos. 

Resumo

Cada dia que passa mais os cientistas e médicos estão confirmando a importância da quantidade de massa muscular dos indivíduos como indicador de saúde e redução das doenças que mais causam mortes no mundo, tornando cada vez mais importante o trabalho dos educadores físicos, academias e profissionais da saúde para que a conscientização da importância do trabalho de força para uma vida com saúde qualidade de vida e um envelhecimento mais funcional. 

Fonte: MASA, Andrés. Trabalhar os músculos é um seguro de vida (e os pesos não são necessários). El País , Espanha, 26, fevereiro de 2019. Exercícios Físicos. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/18/estilo/1550495254_034785.html>. Acesso em: 16, fevereiro de 2022.

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